domingo, 29 de outubro de 2023

PARA UMA DISTRIBUIÇÃO EQUILIBRADA DAS ÁGUAS NO BRASIL


Em 2014 enviei para vários jornais, ministérios, intelectuais, meu projeto de solução para o problema de inundações em algumas regiões enquanto outras passavam por secas.  Ninguém deu bola: só obtive uma única resposta da Diretoria de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência da República, agradecendo e me informando que tal documento estaria à disposição da equipe da Presidenta.   A época já era de forte pressão de ordem politica sobre seu governo, e que acabou resultando em seu impeachment.

Recentemente, durante a fase de posse do Lula, numa coletiva, este manifestou interesse em implementar algum projeto para equilibrar as águas em nosso território. Animado, enviei cópias daquele meu projeto para solução do problema com as águas. Enviei ao PT, para a Marina, para a Gleisi. Alguma resposta? Nada. Nenhum "recebemos" sequer.

Abaixo o transcrito da carta, conforme enviada, seguida da resposta emitida pela instância presidencial. 

Então peço, que se você gostar, e tiver acesso, por favor encaminhe-o para a Presidência o mais cedo possível, antes que a seca e/ou as enchentes exterminem toda a sofrida população ribeirinha. Trata-se de um  programa de Estado, mas algum governo que se diga sério precisa dar, ao menos,  início à solução do grande problema de distribuição das águas em nosso amado país e que, em última instância,  afeta a todos nós. 

CARTA PARA A PRESIDENTA:

Exma. Sra. Dilma Roussef

Presidente da República Federativa do Brasil

Assunto: Sugestão para solução dos graves problemas hídricos de São Paulo e de todo o país.

Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2014.

Prezada Presidenta Dilma,

Neste momento de estabelecimento do seu novo governo, tenho consciência das importantes prioridades às quais a Senhora está dedicando toda sua atenção. Mas nenhuma delas é maior do que a solução do problema hídrico de São Paulo. As consequências de um colapso total afetariam negativamente a vida de todos os brasileiros. São inimagináveis as dimensões e o alcance de tal desastre que vem se anunciando.

Todos sabemos que água é a própria base da Vida, em todas as suas formas e manifestações. Mesmo que tenhamos a sorte de que caiam chuvas torrenciais que abasteçam Cantareira nos próximos meses, é gritante o fato de não podermos mais permanecer tão vulneráveis.

O estudo da viabilidade de criar-se um sistema auxiliar para redistribuição das águas excedentes em nosso território urge. Os sinais de colapso hídrico em nosso país, que já de longa data nos vem impondo ações de maior porte, clamam pela realização de um grande projeto de engenharia.

Ao mesmo tempo que, há anos, convivemos com este bizarro, mas agora muito grave, fenômeno de insuficiência na reposição dos reservatórios no Estado de São Paulo e Minas, também verificamos que diversas regiões do nosso país têm sido periodicamente sacrificadas por enchentes que inundam cidades inteiras, de Norte a Sul.

Como estudioso e interessado em tecnologias, com entusiasmo antevejo a possibilidade técnica de criação de uma rede inteligente de aquedutos que possam redistribuir as nossas águas excedentes. A ideia é simples: de onde sobra direcionaríamos para onde falta. Desta forma, minimizaríamos estes dois extremos altamente problemáticos, que decorrem de padrões desiguais e aleatórios de distribuição das chuvas em nosso território.

Sistemas passivos, a exemplo dos aquedutos concebidos historicamente pelos romanos, embora ainda permaneçam tão impressionantes e inspiradores são limitados. Em seu lugar, imagino que sistemas de bombeamento de águas excedentes alimentados por fontes alternativas de energia, cuja operação pudesse fazer a água vencer barreiras altimétricas, ao conectar regiões de excedentes a regiões de escassez de água potável, seriam bem mais eficazes.

Sei que a ideia que estou expondo, em linhas gerais, pode aqui parecer um tanto simplista. Mas, por favor, ainda que por simples curiosidade, peço que a Senhora reflita e tome em consideração, por exemplo, o estágio da tecnologia atual que nos permite transportar gás ou petróleo atingindo distâncias superiores a 4.000 quilometros.

Um sistema modular, com estações de controle a cada 50km, por exemplo, será estratégico. Diversos materiais de baixo custo podem ser empregados para a feitura de linhas paralelas de tubulões condutores das águas. Esta duplicidade de

linhas condutoras de água, com interconexões entre si, obedecendo ao espaçamento das estações, permitirá operações de manutenção do sistema sem interromper o fluxo de alívio e abastecimento.

O direcionamento e remanejamento inteligente e instantâneo tornar-se-ia possível graças aos modernos meios de comunicação e telemetria em tempo real. Técnicos operadores das Estações de Manejo e Manutenção poderão trabalhar de forma coordenada, formando-se assim a alma de um sistema modular dinâmico, inteligente e eficaz para a solução de nossos problemas com o suprimento de águas para nossas necessidades básicas.

Essencialmente, o que venho propor é que a Senhora nomeie, em caráter de urgência urgentíssima, uma Comissão Especial para o trato desta matéria. Creio ser absolutamente necessário coordenar AGORA, sem perda de tempo, ações preliminares que congreguem acadêmicos de engenharia, profissionais da administração de águas, engenheiros das Forças Armadas, pessoal da engenharia civil, do planejamento, da infraestrutura, de recursos hídricos, climatologistas, ambientalistas, meteorologistas, representados por técnicos, doutores e organizações de elevado expertise em corpos e cursos d'água, e tecnologia de sistemas hídricos. Que possam relacionar-se eles de forma bem produtiva entre si, somando suas ideias e conhecimentos num trabalho de profundidade e competência que viabilize um projeto desta complexidade de forma eficaz e sustentável em todos os seus aspectos.

Acredito na inteira viabilidade deste projeto, quando levo em conta especialmente que, além da perícia técnica/tecnológica demandada, a criatividade e capacidade de realização brasileiras, que muito bem conhecemos, são imbatíveis.

É certo que uma obra deste porte nos imporá enormes investimentos, mobilizações e sacrifícios. Mas pense nos benefícios que proporcionará a todos, incluindo, ainda, maior estabilidade para nossos sistemas de produção de energia hidroelétrica, além da geração de milhares de empregos diretos nos municípios que serão entrecortados por este super sistema. Sua construção representará uma gigantesca e desafiadora tarefa, mas, sem dúvida, não podemos adiá-la.

Ainda que sua concretização em obras acabadas e pleno funcionamento possam demandar mais do que 4 anos de governo, tenho certeza que esta iniciativa, garantirá, a médio ou longo prazo, melhor vida para todos nós brasileiros. Para patriotas como nós, interessados em resolver os graves problemas do país, prazos de governo tornam-se uma questão menor. Que governos sucessores continuem a trabalhar em soluções semeadas por nós, pela sobrevivência de todos. O que interessa é o resultado.

Muito obrigado por sua atenção. Coloco-me à inteira disposição para maiores esclarecimentos.

Respeitosamente, subscrevo-me.

Alan Verissimo Azambuja

alanazambuja2@gmail.com